Uma das vantagens do sítio onde agora vivemos é a sua (relativa) proximidade com a fronteira francesa. Não que eu ache que França seja superior a Espanha (bem, nalgumas coisas é claramente melhor — janelas, por exemplo); o que me atrai é a possibilidade de, em pouco mais de duas horas, entrar num mundo completamente diferente: ouvir outra língua, comer outras coisas, ver outro tipo de pessoas. Atravessamos a fronteira e, subitamente, entramos noutra realidade. Isto é uma das coisas que mais me fascinam na Europa: um continente tão pequeno mas com uma diversidade cultural tão grande. Com a desculpa de celebrar o meu dia de anos, fomos passar o fim-de-semana a Bordéus.
One of the best things about our current location is its (relative) proximity to the French border. Not that I think that France is superior to Spain (well, in certain things it is… windows, for a start); what attracts me is the ability to, in a little over two hours, enter a whole other world: listen to a different language, eat different foods, see different people. You cross the border and suddenly it’s a different reality. This is one of the things that fascinates me the most about Europe: that a small continent can house so many distinct cultures. My birthday was the perfect excuse to spend the weekend in Bordeaux.
Visitámos o Museu de Belas Artes e o de História Natural (infelizmente, o museu onde eu queria mesmo ir, o de Artes Decorativas, está fechado para obras). Adorámos o Museu de Belas Artes: são apenas duas salas grandes, uma dedicada à pintura dos séculos XVI a XVIII e a outra com quadros dos séculos XIX e XX. Quando vamos a museus com os nossos filhos costumamos jogar ao jogo de “se pudesses levar um quadro para casa, qual seria?”. Eu gostei de vários quadros, mas aquele que mais me impressionou foi este “Saint Sébastien soigné par Irène”, de autor desconhecido, pintado na tradição de Caravaggio. Em fotografias não parece nada de especial mas, ao vivo, tem uma luz e um colorido incríveis.
We visited the Fine Arts Museum and the Natural History Museum (unfortunately, the museum I really wanted to see, the Decorative Arts and Design one, is closed for renovations). We loved the Fine Arts Museum: it’s just two large rooms, one dedicated to 16th to 18th century paintings and another one with paintings from the 19th and 20th centuries. When we go to museums with our children we usually play this game “if you could take a piece of art home with you, which one would you pick?”. I liked several paintings but the one that truly impressed me was this “Saint Sébastien soigné par Irène” by an unknown author, painted in the Caravaggio tradition. It doesn’t look much in photos but when you see it up close you can’t help but be taken by the potency of its light and colours.
Em termos de leituras, foi uma semana de grandes contrastes: abandonei um livro (algo que raramente faço, mas já não estava a aguentá-lo), e devorei outro, o “Darling” da India Knight. Quando este livro saiu confesso que tive as minhas dúvidas… uma adaptação do “The Pursuit of Love” aos tempos modernos? Isso poderia ser desastroso… mas, felizmente, é precisamente o contrário: um rotundo sucesso. Não acho que seja um livro para toda a gente (aliás, não o recomendaria a quem não tenha lido a Nancy Mitford) mas, se adoram “The Pursuit of Love”, quase que posso garantir que vão gostar deste “Darling”. A Linda continua a não me cativar por aí além, mas o Uncle Matthew, a Jassie e, sobretudo, o Davey (que foi re-imaginado como um decorador de interiores com um aparelho digestivo delicado e, sobretudo, com um “light touch” muito apelativo) estão incrivelmente bem desenhados. A minha preferida continua a ser, como seria de esperar, a Fanny/Franny (mas quero ser a melhor amiga do Davey — preciso dele na minha vida JÁ). Quando acabei o livro, apeteceu-me voltar à primeira página e começar de novo. É, claramente, um livro para ser relido muitas vezes.
In terms of reading, this was a week of contrasts: I abandoned a book (something I seldom do, but I just couldn’t take it anymore) and I devoured another one, “Darling” by India Knight. When this book came out I sort of raised my eyebrows and thought “a modern re-telling of “The Pursuit of Love”? This could go either way…” and fortunately it went the right way. It’s a triumph. I don’t think it’s a book for everyone (and I definitely wouldn’t recommend it if you’ve never read Nancy Mitford) but if you love “The Pursuit of Love”, I can almost guarantee you’ll enjoy “Darling”. Linda still fails to captivate me but Uncle Matthew, Jassie and especially Davey (an interior designer with a delicate gut and a very light touch) are very appealing characters. My favourite is still Fanny/Franny (no surprises there) but I want to be Davey’s best friend — I need him in my life STRAIGHT AWAY. When I finished the book I wanted to go back to the first page and start all over again. It’s that kind of book for me, I’m sure I’ll re-read it time and time again.
Na sexta-feira passada, a Billy, a Eli (as minhas companheiras no Anita no Trabalho) e eu comprometemo-nos publicamente (ou seja, num Instagram live) a fazer o “Artist’s Way”. Se não o conhecem, este livro é um curso de 12 semanas para, no fundo, estimular a criatividade de uma pessoa. A autora chama-lhe “creative recovery”, o que em português soa muito pior (cura criativa? isso faz-me fugir a sete pés…). Basicamente, é uma série de sugestões e exercícios para descobrirmos “o artista que temos dentro de nós” (ui…). Eu sou uma pessoa bastante céptica em muita coisa, mas acredito piamente que todos os seres humanos são criativos e que, muitas vezes, a sociedade em que vivemos ou a maneira como fomos criados matou (ou suprimiu, se preferem) o poder criativo que nos é inato. Acho que todos ganhamos em fomentar a nossa própria criatividade, seja escrevendo, desenhando, dedicando-nos à electrónica, solucionando pequenos problemas domésticos ou grandes desafios profissionais. Este curso baseia-se em dois grandes pilares: as “morning pages” (uma pessoa escreve à mão três páginas todas as manhãs) e o “artist date” (uma pessoa reserva duas horas por semana em que se dedica, sozinha!, a uma actividade que estimule a sua criatividade — isto entusiasma-me de sobremaneira). Todas as sextas-feiras à hora do almoço vamos prestar contas do nosso progresso num directo no Instagram da Anita no Trabalho. Juntem-se a nós, vai de certeza ser divertido, e tem potencial para trazer-nos muitas coisas boas!
Last Friday, Billy, Eli (my partners-in-crime in the Anita no Trabalho podcast) and I made a public commitment (e.g. an Instagram live) to do The Artist’s Way. In case you’re not familiar with it, this is a 12 week program aimed at stimulating one’s creativity. The author calls it a “creative recovery”. Basically it’s a series of suggestions and exercises to make you “discover the artist within”. I tend to be quite a skeptical person but I do truly believe that every single human being is creative and that, more often that not, the society where we live or the family where we grew up kills (or stifles, if you prefer) our inane creative power. I think we can all gain a lot by encouraging our own creativity, be it writing, drawing, electronics, little domestic annoyances or large professional challenges. This course is based on two main pillars: “morning pages” (three pages of longhand writing done everyday, first thing in the morning) and “artist dates” (you block out two hours every week and you do something, by yourself!, that stimulates your creativity — I LOVE the sound of that). Every Friday at lunchtime the three of us will share our progress live on Anita no Trabalho’s Instagram. Do join us, it’s going to be fun and it can potentially be very good for all of us!
Uma das coisas que escrevi nas minhas morning pages desta semana foi uma longuíssima lista (incompleta) daquilo que tenho pendente cá em casa. Chego à conclusão de que algumas das necessidades existem há anos e que ainda fiz muito pouco para pô-las em marcha. Uma estratégia que me ajuda a ir avançando, quando me sinto completamente assoberbada e sem tempo para nada, é ir dedicando alguns minutos por dia a uma tarefa específica. É assim que eu faço a maior parte dos meus projectos de costura: cinco minutos aqui, dez minutos ali… ao fim de uma semana, avancei bastante e até terminei alguma coisa. Tenho muitos abat-jours (quebra-luzes, em bom português) na minha lista e esta semana finalmente ataquei o primeiro de um conjunto de três. Gosto de abat-jours forrados de tecido ou papel, e o que faço é comprar abat-jours antigos que tenham a base ou a forma que eu procuro, e depois transformá-los. Não me peçam instruções detalhadas — a minha técnica é sempre a da tentativa e erro. Acho que hoje em dia estamos demasiado presos a instruções (há um tutorial para absolutamente tudo na internet) e muitas vezes temos medo de simplesmente experimentar.
One of the things I’ve written in my morning pages this week was an extremely long (and incomplete) list of home projects. I’ve come to the conclusion that some of our needs have existed for years and I’ve yet to make a dent on them. A little strategy I have for when I’m feeling particularly overwhelmed and time-poor is to dedicate a few minutes a day to a specific task. This is how I go about making most of my sewing projects: five minutes here, ten minutes there… at the end of the week I’ve made substantial progress and I might have actually finished something. I’ve got a lot of lampshade-making on my list and this week I’ve finally started working on the first of a set of three. I like fabric and paper-covered lampshades best and what I do is I buy old shades that have the shapes of frames I want and then revamp them. Please don’t ask me for detailed instructions — my technique is always trial and error. I think nowadays we are much too dependent on directions (there’s an online tutorial for absolutely everything under the sun) and we’re often afraid of simply trying it out for ourselves.
Espero que tenham uma semana cheia de saúde, energia e criatividade!
Wishing you a week full of health, energy and creativity!
Estou totalmente de acordo! Temos de resistir a esta estupidificação progressiva da nossa sociedade. Há que usar o cérebro e há que não ter tanto medo de falhar.
"La infanta baila" de Manuel Hidalgo. Lo compré muy barato en una librería de segunda mano y pensé que podría ser divertido... pero me resultó imposible de leer.