New beginnings

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Comecei o ano sem uma única resolução. Não sou uma pessoa sistemática nem organizada, mas confesso que, durante algum tempo, me deixei contagiar pelo zeitgeist da sociedade actual, em nos querem convencer de que a produtividade é aquilo que dá sentido à vida (eu discordo).

Assim, houve alguns anos em que fiz uma lista de resoluções (são sempre as mesmas). Em 2020 decidi ser ainda mais moderna e escolhi uma palavra para o ano. A minha palavra eleita em Janeiro de 2020 foi… esperem… CASA. 2020 ia ser o ano em que as nossas obras acabariam, deixaríamos de viver em instalações temporárias (desde que nos mudámos para Espanha em 2018 já vivemos em quatro sítios diferentes) e eu dedicar-me-ia a criar um ambiente confortável e acolhedor para a nossa família. Impossível não me rir com a ironia da minha escolha.

Como dizia, este ano comecei o ano de acordo com a minha essência. Ou seja, Dezembro deu lugar a Janeiro e tudo continuou igual na minha cabeça. Mas, cá em casa, estávamos em plenas obras e todos os dias alguma coisa mudava. Já falei em obras ali em cima, bem sei. Em 2019 fizemos a grande remodelação desta casa antiga: substituímos as vigas do andar de baixo, trocámos metade das janelas, redistribuímos o andar dos quartos e fizemos casas-de-banho novas. E depois o dinheiro acabou, como é natural. Passados uns anos, agora estamos naquilo a que pomposamente chamo “a segunda fase das obras”. É possível que as fases se vão seguindo umas às outras porque, efectivamente, temos aqui trabalho para a vida inteira e os meus planos e desejos são ambiciosos e quase infindáveis.

Tudo isto para voltar a falar em Janeiro, posto que hoje é dia 1 de Fevereiro e acordei com vontade de reflectir. Este mês de Janeiro de 2023 é capaz de ter sido o mês mais activo de toda a minha vida. Por razões com as quais não vos vou maçar (atrasos nas obras, claro), deparei-me, a dia 12 de Janeiro, com a necessidade urgente de pintar e mobilar três quartos antes de dia 27, o dia em que chegariam quatro primos do Tiago (o Tiago é o meu marido, para quem ainda não nos conhece bem) para passar um fim-de-semana comprido cá em casa.

No meio disto tudo, uma manhã, enquanto tomava duche, tive a ideia (que me pareceu brilhante na altura) de trocar o quarto de costura pelo quarto de brincar. Eu passaria a ocupar um quarto mais espaçoso no andar de cima e os rapazes viriam para o meu antigo quarto de costura, mais pequeno mas mais acessível. O quarto de brincar também seria transformado num “quarto de estar” para eles, com uma secretária para cada um, para que os intermináveis trabalhos de casa passem a ser feitos num ambiente mais sossegado e não na mesa de jantar.

Em duas semanas lixei, aspirei e lavei paredes irregulares e esburacadas e pintei o pequeno quarto de visitas de cor-de-rosa, o meu novo quarto de costura de verde-água e o novo quarto de estar das crianças de azul-claro. Enquanto eu me arrastava para terminar estas tarefas — sempre a pensar no resultado, que eu sou uma pessoa exclusivamente motivada pelos resultados e não pelo prazer do processo —, os senhores das obras iam-me demostrando o quão leiga e pouco eficaz sou a pintar… conseguiram pintar todo o exterior da casa no mesmo tempo em que eu pintei um mísero quartinho.

Mas a verdade é que consegui, os primos chegaram, a casa estava limpa e (minimamente) arrumada, as camas estavam feitas, o frigorífico recheado e nós cheios de vontade de os receber. Foi um fim-de-semana muito intenso e muito feliz (e muito frio!). No dia a seguir a eles terem voltado para Lisboa, decidi dar uma valente volta à nossa sala. Numa manhã alterei a posição de praticamente todos os móveis e não só a sala ficou completamente diferente, como a energia do espaço mudou radicalmente.

Ainda há tanto por fazer cá em casa, mas em Janeiro sinto que dei um valente passo em frente. Realmente não há nada como um prazo! Janeiro é normalmente um mês difícil: frio, escuro, interminável. Normalmente sou adepta de imitar a natureza e no Inverno hibernar, mas chego à conclusão de que toda esta actividade tornou este mês muito mais leve.

Aproveito para vos dar as boas-vindas a esta nova newsletter. Obrigada pela vossa companhia!

I started the year without a single resolution. I’m by no means a systematic, organised person but I confess that, for a while, I succumbed the zeitgeist in our modern society that wants to convice us that productitity is what gives life its meaning (I disagree).

There were a few years when I made a list of resolutions (they tend to always be the same year after year). In 2020 I decided to be even more current and chose a word for the year. The word I picked in January of 2020 was… wait for it… HOME. 2020 was going to be the year when our house renovations would finally end, we’d no longer have to live in temporary accomodation (since we moved to Spain in 2018 we’ve lived in four different places) and I was going to put my heart and soul into creating a cosy, welcoming home environment for our family. It’s impossible for me not to laugh at the irony of this choice of word.

As I was saying, I started the year true to my essence. December gave way to January and nothing changed inside my head. Nevertheless, things around me were in a flurry of activity. I’ve already mentioned our renovations, I know. In 2019 this old house was subjected to a lot of work: the beams in the ground floor were replaced, half the windows were changed, we altered the entire layout of the bedrooms and put in new bathrooms. Then we naturally ran out of money. At the moment we’re in the midst of what what I’m pompously calling “the second phase of the renovations” because, to be perfectly honest, I foresee several phases… this house will need work during our entire lifetime and my plans are ambitious and never-ending.

Today is the 1st of February and I woke up in a reflective mood. I think never before have I had such an active January. For reasons I won’t bore you with (renovation delays, of course), around the 12th of January I was faced with the urgent need to paint and furnish three rooms before the 27th, the day when four of Tiago’s cousins would arrive for a long weekend (for anyone who doesn’t know us well, Tiago is my husband).

In the midst of all this, while I was in the shower one morning I suddently had the idea (which seemed brilliant at the time) to change rooms with the boys: I would get their playroom (a larger room in the attic) and they would get my sewing room (a smaller room next to their bedroom, where we’d be able to fit two desks where they could do their homework instead of using the dining table).

During those two weeks I sanded, vaccumed and washed a lot of bumpy walls and painted the little guest room dusty pink, the new sewing room aquamarine and the new playroom light blue. While I was dragging myself to finish these jobs — always focused on results, since I’m a product-not-process person, the men outside were inadvertently showing me how slow and inept I was at this whole thing by painting the whole house in the same amount of time it took me to paint a little room.

But everything got done in time, the cousins arrived, the house was clean and (moderately) tidy, the beds were made, the fridge was full and we were excited to have them. We spent a very intense, very happy (and very cold!) weekend. And the morning after they went home I felt the urge to completely change the furniture in our sitting room. It’s incredible what shifting a few things can do to a space… the energy of the room totally changed!

There’s still so much to do here but I feel like I took a huge step forward. There’s nothing like a deadline to make you move! I tend to find January particularly challenging: it’s dark, it’s cold, it feels endless. I’m usually one for emulating nature and hibernating but it’s dawning on me that all this activity made this month a lot lighter and more bearable.

I want to welcome you to this new newsletter. I happy to have you along for the ride!